quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A CULPA DE EVA
E, vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu e deu também ao seu marido e ele comeu. (Gênesis 3.6)
Sabemos muito pouco sobre Eva, a primeira mulher do mundo, apesar de sabermos que ela é a mãe de todos nós, Eva foi a ultima peça do maravilhoso quebra-cabeça da criação de Deus. (Gênesis 2: 18 a 22) Ela também é vista como a chave mestra para o pecado pela maioria de nós, pois ela foi quem dialogou com satanás, foi ela quem primeiro comeu do fruto proibido, foi ela quem desejou.
Como seus descendentes herdamos sua propensão para o pecado, isso fica claro quando questionamos as suficiências de Deus para as nossas vidas.
Eva foi vulnerável à linha de ataque de satanás, e ele conhece as nossas fraquezas, sabia que a dela era falta de contentamento. Como poderia está feliz sem poder comer de uma das árvores frutíferas do jardim? Neste quesito caímos quase todos os dias, desejamos sempre o item que não está no nosso cardápio, lembra daquela gordura, o sal e o açúcar que o médico sempre proíbe? Mas quando chegamos à mesa é difícil resistir! E por que não falar das nossas insatisfações, por algo, muitas vezes supérfluo que desejamos esquecendo-nos das coisas tão importantes que temos?
Eva esqueceu que tinha a disposição milhares de árvores frutíferas e em sua mente só aparecia aquela. Que pena, Não parece familiar? Quantas vezes não transferimos a nossa atenção do muito que Deus tem nos dado para o pouco que satanás oferece? Quando vem aquele pensamento, como: “eu tenho que ter isso”. Abrimo-nos à inveja a ambição e todos os tipos de comportamentos egoístas para satisfazer nossos desejos. Quantos esposos ou esposas que tem uma família abençoada e feliz se deixam levar por um momento de estranho prazer e estragam-se pelo resto da vida.
A segunda herança que recebemos é a maneira como gostamos de transferir responsabilidades a outras pessoas. (Gênesis 3.13)
Acredito que Eva estava prestando atenção quando Deus estava falando com Adão, e planejou logo a sua resposta, imagino que quando Deus a olhou deve ter dito não me olhes , foi culpa da serpente! Como a sentença da serpente veio primeiro, Eva deve ter sentido um alívio, mas foi repentino como toda satisfação causada pelo impulso próprio, Deus recusou-se a aceitar a sua desculpa e considerou-a culpada de seu erro.
As conseqüências dos erros de Eva são bem conhecidas e nos -os humanos- temos seguido seu exemplo desde então, É tão fácil nos desculparmos de nossos erros culpando outras pessoas. É com certeza uma falsa forma de aliviar a dor da consciência, evitando se consertar com Deus e com as outras pessoas. Mas Deus conhece a verdade e considera cada um de nós responsável pelo que fazemos, quando culpamos alguém pelos nossos erros só aumentamos a nossa sentença.
Mas afinal, de quem herdamos mais, de Eva ou de Adão? Quem mais errou? Quem teve maior culpa? Eva ou Adão? Pois bem, com certeza, Adão teve maior parcela de culpa, e, portanto a maior herança recebemos dele. Por quê? 1º Eva não existia quando Deus fez o jardim (Gênesis, 2.8); 2º Eva não estava quando Deus conversou com Adão e pôs ele no jardim (Gênesis 2.15); 3º Eva não tinha sido formada quando Deus disse para Adão que não poderia comer o fruto da árvore da Ciência e da Vida, árvore esta que ficavam no meio do Jardim (Gênesis 2. 9,16 e 17).
Apesar de Eva ter sido criada junto com Adão conforme Gênesis 1:27, ela só foi formada, como já vimos no final da criação, tudo estava pronto, ela veio para coroar os grandes feitos de Deus. Deus a entregou para Adão, para ser sua companheira, esposa e ajudadora, digamos que ela veio completar Adão, disse Deus: “não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele. (Gênesis 2:18)

E você como vê? Dê sua opinião.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

O AÇAÍ È NOSSO É DO PARÁ

O açaí do Pará e o mundo
Antigo versinho, de largo uso local, revela um dos principais atrativos do Estado: “Quem vem ao Pará, parou; tomou açaí, ficou”. Mas não eram muitas as pessoas que iam ao Pará. E nem todas elas apreciavam o açaí, que continuou a ser um patrimônio exclusivo dos paraenses e, em menor grau, de outros Estados da Amazônia.

Em 2000 a situação começou a mudar, rápida e intensivamente. Disparado o maior produtor nacional, o Pará extraiu naquele ano 380 toneladas, quase exclusivamente para o consumo interno. No ano passado, a produção alcançou quase 10 mil toneladas – e se tornou insuficiente para suportar a demanda.

Na onda da alimentação natural, da busca pela juventude prolongada e pela saúde total, o açaí entrou de vez na dieta de naturalistas, macrobióticos, atletas e integrantes da terceira idade. É oferecido em quase todos os Estados brasileiros e foi aceito pelos Estados Unidos e a Austrália, que importam quantidades crescentes de açaí. É a fruta nativa de maior presença fora da Amazônia, um raro caso de sucesso de um produto tipicamente local. Sua cultura deverá continuar a se expandir exponencialmente pelos próximos anos.

Embora os paraenses apostassem nos encantos do suco extraído da vistosa palmeira, jamais podiam supor que ela conquistaria milhões de admiradores espalhados além das suas divisas, de uma forma que horroriza o consumidor tradicional. O belenense padrão toma, praticamente todos os dias, um prato do “vinho” de açaí puro e grosso.

Extraídos da copa da palmeira, que pode chegar a 30 metros de altura, por uma pessoa hábil em subir pelo tronco fino e liso, os frutos são colocados numa máquina (inventada em Belém mesmo) que faz descaroçamento e amassa a polpa em água, deixando passar um líquido com um tom tão carregado de roxo que chega a parecer negro. A denominação popular de vinho, dada a essa cauda encorpada, se revelou sábia à medida que as pesquisas sobre o açaí se aprofundavam. Quem o experimenta tem dificuldade de definir o paladar. No passado, sem informações sobre o valor nutritivo e medicinal do fruto, quem experimentava costumava reagir com desagrado porque o gosto era terroso, de palha.

Um novo teste, porém, abriu uma nova porta à percepção. Um pesquisador não iniciado no ritual do açaí disse que seu paladar é uma mistura de chocolate e de vinho tinto. Mais informado, seu juízo deve ter sido influenciado pelas qualidades químicas do produto, que o tornaram um sucesso de público nos mais diferentes auditórios.

O poder antioxidante do açaí é 33 vezes maior do que o da uva na eliminação do colesterol e dos radicais livres, superando nessa medida os atributos do vinho. É ainda cinco vezes maior do que a do Gingko Biloba, produto fitoterapêutico utilizado no mundo inteiro. Seu suco tem um valor energético duas vezes superior ao do leite. Tem grande quantidade de ferro e de fibras, que favorece o trânsito intestinal. Com significativo teor de proteínas, cálcio e potássio, é considerado uma das mais nutritivas frutas da Amazônia, perdendo apenas para a castanha-do-pará.

Todas essas qualidades ampliaram o leque de usos dados ao açaí quando ele transpôs os limites do Pará, onde apenas o vinho era tomado, com acompanhamento de farinha, açúcar, uma ou outra fruta, peixe, camarão e carne seca. Hoje, o açaí se apresenta com xarope de guaraná, mamão, morango, maracujá, cereais, suco de laranja, leite. As combinações e variações avançam ao sabor da imaginação de quem espera potencializar ainda mais os benefícios do fruto.

Uma consequência dessa voragem é reduzir a participação do próprio açaí na mistura, o que já acontece com essências amazônicas utilizadas na cosmética ou mesmo na fitoterapia, em proporção muito pequena (embora a embalagem declare o contrário). Enquanto o custo for relativamente alto e a validade do produto reduzida, a diluição do açaí puro será uma contingência comercial. Só assim renderá maiores lucros.

Com o desvio de parcelas cada vez maiores da produção para fora da Amazônia, em virtude dos preços mais elevados que são oferecidos, vai se tornando cada vez mais remota a possibilidade de fazer com o açaí o que os franceses fizeram com o seu vinho: classificar um terroir (leia-se terroá) do açaí. Qualquer dicionário francês define o terroir como “produto próprio de uma área limitada”. O terroir é um conjunto de terras sob a ação de uma coletividade social congregada por relações familiares e culturais e por tradições de defesa comum e de solidariedade da exploração de seus produtos, acrescentam os tratados. Há um terroir específico para a valorizadíssima champanhe francesa na região da Champagne. Quem compra uma garrafa dessa bebida paga um valor maior quando sua origem é atestada.

Conforme argumentou um especialista, o terroir, na verdade, é revelado, no vinho, pelo homem, pelo saber-fazer local. “O terroir através dos vinhos se opõe a tudo o que é uniformização, padronização, estandardização e é convergente ao natural, ao que tem origem, ao que é original, ao típico, ao que tem caráter distintivo e ao que é característico com todos os requisitos para serem reconhecidos como denominações de origem, pois agregam origem, diferenciação e originalidade dos produtos”, diz Jorge Tonietto, da Embrapa.

O terroir do açaí é na chamada “região das ilhas”, na foz do rio Amazonas, no Pará, em torno da parte ocidental da ilha de Marajó e do baixo Tocantins. Não há fruto melhor em condições naturais do que esse. Nem bebida de sabor mais puro do que aquela que é vendida em centenas de pontos espalhados por todos os bairros de Belém, com seus 1,4 milhão de habitantes.

Nas melhores quitandas (que anunciam o produto com uma bandeira vermelha à porta), o batedor é um expert não só em produzir o líquido encorpado como um vinho tinto e denso como um chocolate, mas também em escolher o melhor fruto para esse processo. Os seus clientes habituais, que compram e tomam açaí todos os dias (beneficiados pelo florescimento da palmeira o ano todo, em melhores condições de julho a dezembro), exercem o controle de qualidade e dão sugestões.

Se esse ciclo for rompido ou desaparecer, como ameaça acontecer, será difícil estabelecer um terroir para o açaí, agregando-lhe os benefícios que ele teria da classificação, como a champanhe francesa. Mas não só para ganhos maiores na exportação: também para não tirar dos velhos apreciadores do melhor açaí o direito de usufruírem esse prazer multissecular.

Da mesma maneira como a produção e a comercialização cresceram aceleradamente, o preço para o comprador de açaí em Belém e outras cidades amazônicas se multiplicou por cinco. Nos períodos de menor produção (e de qualidade inferior), um litro de açaí tem o preço de uma sobremesa cara de restaurante, como um brownie. Para muita gente açaí é mesmo sobremesa. Mas para uma parcela expressiva ele é alimento, às vezes a única refeição forte do dia. Apesar do aumento exorbitante dos preços, quem tem o hábito de tomar açaí encontrou uma forma de não ficar sem ele. Na melhor das hipóteses, porém, o peso desse costume está se tornando oneroso, prejudicando o orçamento doméstico.

Até a explosão do açaí no mercado de academias de saúde e entre atletas, toda produção vinha de áreas naturais, nas várzeas inundáveis das margens dos cursos d’água. Hoje, 20% provêm de plantios manejados em terra-firme, que não oferece solo em condições para uma cultura de melhor qualidade. Mas para que produzir o açaí puro e grosso, se seu gosto vai ser diluído ou desaparecer pela presença de acompanhantes valorizados pelos consumidores atraídos pelo poder energético e vitamínico do fruto – e que, ademais, nunca tiveram contato com o paladar original? O açaí, mesmo sendo o item mais importante, é um elemento do mix e não o componente único, conforme é para o gourmand do produto em Belém.

Essa tendência se consolidou quando, em 2007, nove fabricantes, que produzem para exportação, assumiram com o Ministério Público o compromisso de pasteurizar o seu produto. Neste ano, o senador acreano Tião Viana (PT) chegou a apresentar um projeto de lei tornando obrigatória para todos a pasteurização. A medida não só modifica drasticamente o gosto, tornando-o intragável para o connaisseur, como colocaria no desemprego milhares de vendedores individuais, que atuam no varejo, em pequenos estabelecimentos comerciais. Felizmente a iniciativa foi abortada a tempo. Bastou mostrar ao senador o efeito nocivo da sua proposta, que ele, mesmo sendo da Amazônia, desconhecia.

Antes, houve uma onda sensacionalista em torno da ameaça de surto de doença de Chagas porque o prozoário está presente no fruto e é esmagado quando ele é descaroçado. Tanto tempo depois que o açaí faz parte da mesa do paraense, foi a primeira vez que o problema se tornou alarmante. Mas nada sugere que a ameaça da doença sobreviva a cuidados de higiene e normas de qualidade, providências que os próprios vendedores passaram a adotar.

O mesmo não se pode dizer do futuro do açaí como um terroir paraense. Pode vir a se tornar um produto paulista, baiano ou texano, conforme a forma de apropriação que vem sendo feita, que inclui a patente. Tem sido esse o destino dos produtos naturais amazônicos, nos últimos anos, em especial, os minérios. A Amazônia tem lugar no enredo atual para ser colônia do mundo, não agente da sua própria história

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sakineh Ashtiani: adultério, apedrejamento e objetividade
No isolamento de uma prisão no Irã, uma mulher de 43 anos vive o compasso de espera pela execução por apedrejamento. Seu crime? Adultério. Acrescido ultimamente da acusação de conspiração para o homicídio do marido, assassinado pelo amante.

Tal como no antigo Israel e em várias outras civilizações semitas, o adultério era um dos crimes punidos com o apedrejamento. Assim também a blasfêmia, da qual Jesus de Nazaré foi acusado. Acabou sendo crucificado porque sua condenação foi proferida pelo poder romano.


O Islã nasceu vários séculos após o Judaísmo e o Cristianismo e seu livro sagrado, o Alcorão, é venerado pelos muçulmanos como a própria Palavra de Deus feita livro, já que teria sido diretamente revelado por Deus ao profeta Maomé. Portanto, a religião islâmica considera o Alcorão intocável e não modificável, na forma e no fundo, no espírito e na letra.

No entanto, o apedrejamento não é sequer mencionado no Alcorão. Este estipula a pena de cem chibatadas ou prisão perpétua para adúlteros. No entanto, tal como no cristianismo existe a Bíblia - onde se crê estar a Palavra de Deus revelada ao povo de Israel e à primeira comunidade apostólica – e também o Direito Canônico, que seria a Lei da Igreja para os católicos; e a Confissão de Westminster que seria algo análogo para protestantes históricos, no Islã existe a Xaria.

Xaria é o nome que o Islã dá ao seu código de leis. No Irã, assim como outras sociedades islâmicas, diferentemente das sociedades ocidentais contemporâneas, o regime é teocrático. Ou seja, religião e direito, religião e política não se separam e a vida dos cidadãos é regida pela lei religiosa. Todas as leis são religiosas e baseadas nas escrituras sagradas e nos ditos dos líderes religiosos.

Ou seja, o Alcorão é a fonte primordial da jurisprudência islâmica, sendo a segunda a Suna, narrativa da vida e dos caminhos do profeta e os ahadith, ou narrações do profeta. “A diferença entre o Alcorão e a Suna, é que o texto do Alcorão e o seu significado vêm de Deus, ao Anjo Gabriel só coube levar essa mensagem ao profeta e a ele só coube receber, preservar, transmitir essa mensagem para as pessoas e explicar o que necessitava de explicação. Enquanto que a Suna as tradições os significados são de Deus e o texto do profeta, diz Deus o Altíssimo.

Entre todo esse meandro de sutis diferenciações interpretativas, próprias a todas as religiões, está sendo decidido o destino de Sakineh Mohammadi Ashtiani, a bela iraniana de olhos negros e tristes. Apesar de não haver menção ao apedrejamento no Alcorão defensores deste tipo de condenação afirmam que ela está em um Hadith e, portanto, é narrativa do profeta e como tal, sagrada e parte do corpo da Xaria.


O apedrejamento está previsto Xaria, para punir tanto mulheres como homens adúlteros e homossexuais. Apesar disso, não há consenso na comunidade islâmica sobre a validade da prática do apedrejamento. Alguns países muçulmanos, como o Irã, o Sudão e a Nigéria adotaram a visão radical do Islã e da ética derivada da revelação divina em seu sistema judicial. No entanto, outros países, como o Afeganistão e o Paquistão, já aboliram esta pena.


Se assim reza a letra da lei, a prática, no entanto muitas vezes vai em outra direção. Em 2002, o então chefe do Judiciário iraniano, o aiatolá Mahmoud Hashemi-Shahroudi, ordenou a suspensão das execuções por apedrejamento. Contudo, juízes locais ainda podem ordenar apedrejamentos. A justiça pelas próprias mãos em nome da fidelidade à Xaria ainda acontece com freqüência para punir adultérios.


No caso do Irã, a pena de morte por apedrejamento voltou a ser imposta após a Revolução de 1979, quando o país passou a ter um regime teocrático islâmico. Desde então, 109 pessoas morreram apedrejadas, segundo o Comitê Internacional Contra Apedrejamento. Mesmo que o judiciário iraniano regularmente suspenda as execuções por apedrejamento, freqüentemente os condenados são executados de outras maneiras, como na forca. E secretamente, para não chamar a atenção da opinião pública.


Assim, o apedrejamento de Sakineh parece inevitável. A mídia e as ONGs de direitos humanos procuram chamar a atenção da opinião pública mundial numa tentativa de frear a inflexibilidade do governo do presidente Amahdinejad. O próprio presidente Lula ofereceu asilo à iraniana, que o aceitou. A reação de Teerã não foi muito positiva e Lula não repetiu a oferta nem nela insistiu.


O caso é sem dúvida complexo. Por um lado, está o respeito devido a toda religião de aplicar aquilo que considera como seu credo e conduta. É impensável hoje anatematizar como barbárie ou magia ou atraso – como antes era feito – práticas religiosas de outros apenas porque diferem das nossas.


No entanto, há, parece-me, outro lado do problema. Tentando um mínimo de objetividade, há certos fatos que repugnam a sensibilidade humana simplesmente por ser humana. E isto é fruto de uma evolução da consciência da humanidade. Existem condutas que já foram consideradas religiosamente legítimas e hoje não mais o são.


Houve um tempo em que se acreditava que os escravos deveriam continuar escravos e nada fazer para romper sua escravidão em busca da liberdade. Aquilo seria vontade de Deus. Hoje indigna-nos apenas a menção dessa possibilidade. A escravidão é algo objetivamente inumano e iníquo.


Os pobres nasciam pobres porque assim era a vontade de Deus. Os ricos desfrutavam impunemente de sua riqueza e não se julgavam minimamente responsáveis pela injustiça reinante no mundo. Hoje é no mínimo ridículo usar este argumento, já que se sabe que há mecanismos sociais e econômicos que produzem a injustiça estrutural onde estamos mergulhados e que se deve combatê-la e não justificá-la, muito menos em nome da fé ou da religião.


Houve também um tempo em que organizar guerras e matar pessoas para recuperar lugares sagrados da própria religião era considerado legítimo e até abençoado por líderes religiosos e santos. É o caso das Cruzadas. Tempo houve igualmente em que prender, torturar e matar na fogueira pessoas suspeitas de aderirem a outros credos era prática usual. É o caso da Inquisição. Muito tem sido criticada a Igreja Católica por haver adotado estas práticas. Por que? Porque é algo objetivamente contra os mais elementares direitos humanos.


Parece-me que, com todo o respeito que se deve ter ao Islã, executar sob a cruel forma do apedrejamento uma mulher cuja culpa foi relacionar-se sexualmente com outro homem que não seu marido, repugna objetivamente a humanidade de quem se pretende humano. Disso se trata e nada mais.


Sakineh Mohammadi Ashtiani merece viver porque é um ser humano. Simplesmente isso. Ninguém tem direito sobre sua vida a não ser Deus, seu Criador. Nem sempre religião e fé coincidem harmoniosamente. Parece-me que este é um caso. A lei religiosa condena Sakineh. Esperemos que a fé islâmica, em sua pureza e raiz, consiga flexibilizar o governo iraniano em sua decisão sobre o destino final desta mulher.


Autor: Maria Clara Lucchetti Bingemer

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Veja o que diz o pastor Geremias

Há quem diga que política não se discute. Penso o contrário. É por falta de discussão que, em grande parte dos casos, temos políticos de qualidade duvidosa no exercício do poder, eleitos por eleitores que sequer pararam para conhecer as propostas de seus candidatos e até mesmo venderam o voto – a arma mais eficaz numa democracia – por míseros centavos.

Quero discutir a eleição presidencial. E o que estiver implícito nessa discussão também caberá de forma implícita como instrumento de análise das eleições em outros níveis. Já decidi em definitivo que não darei o meu voto para Dilma Rousseff. Acredito que esta seja a hora de interrompermos a governança do PT sobre o nosso país antes que seja tarde demais.

Dilma é PT. E o PT é Dilma.

Não creio que, como quis parecer, a “Carta aos Brasileiros” apresentada pelo PT antes da eleição de Lula em 2002 tenha sido um instrumento de mudança na política do Partido. Mas foi ela que permitiu a eleição de Luís Inácio Lula da Silva e deixou aberto o caminho para a sua reeleição. Durante os quase oito anos de mandato ele se equilibrou sob dois eixos: o bolsa família e a elite financeira.

Com o bolsa família agregou milhões de famílias pobres ao mercado de consumo com uma renda mínima e, com isso, garantiu um eleitorado cativo com o qual espera contribuir para eleger a sua sucessora. Só que o bolsa família é política compensatória, que se aplica para minorar situações temporárias. É preciso ter porta de entrada e também porta de saída. Ou seja, as políticas de governo têm de criar condições para que essas pessoas sejam absorvidas pelo mercado e possam gerar a sua própria renda sem continuarem eternamente dependentes. Mas não é o que acontece. É nesse eixo que Lula mantém uma de suas pernas.

A elite financeira, por outro lado, nunca lucrou tanto como durante os dois mandatos de Lula. Os eventuais discursos do presidente contra os banqueiros são apenas uma forma de blindagem contra as críticas de favorecimento a essa elite. Pesquisem os balanços das grandes empresas e dos grandes bancos e verão que “nunca antes na história deste país” tiveram as suas contas tão abarrotadas. Esse é o outro eixo em que Lula mantém a outra perna.

Enquanto isso, sob os olhares de contemporização dessa elite empanturrada e o aplauso de famílias que merecem o que recebem, pelo estado de extrema pobreza, mas deveriam também ser preparadas para o mercado de trabalho mediante políticas consistentes, o PT foi-se aboletando da coisa pública, aparelhando o estado e impondo com sutileza o seu programa partidário, que nunca mudou. É óbvio que não se fala mais em revolução. A tática é outra. É usar a democracia para depois solapá-la.

A natureza autoritária do PT apareceu, por exemplo, na tentativa de criar o Conselho Federal de Jornalismo para veladamente impor a censura nos meios de comunicação. Ela fica patente no PLC 122/06, que, sob o argumento de proteger o movimento homossexual, usa-o como “inocente útil” (será?) para tentar restringir a liberdade de expressão. Suas garras totalitárias ficam bem explícitas no PNDH 3, decreto já assinado pelo presidente da república, onde pretende impor o controle social dos meios de comunicação (com o mesmo propósito já descrito acima), banir os símbolos religiosos dos locais públicos e legalizar o aborto, entre outros penduricalhos, acrescido agora pelo projeto de lei enviado ao Congresso Nacional pelo presidente Lula com a finalidade de punir os pais que disciplinam os filhos com algumas palmadas. O conjunto da obra significa, em última análise, retirar toda e qualquer liberdade, socializar a nação e impor-nos unilateralmente o controle social do estado. Tudo isso está no programa do partido, aprovado durante o seu 3® Congresso.

A eleição de Dilma só dará continuidade ao processo. Mas dirá alguém: em relação ao aborto, ela se comprometeu com “a manifestação da vida em todos os seus aspectos” por ocasião de sua fala aos líderes evangélicos capitaneados pelo bispo Manoel Ferreira. O Lula fez a mesma coisa nas eleições anteriores. Nem por isso a carruagem parou. “Mas o bispo fez com ela um acordo em que o tema fique restrito ao congresso”, dirá outro. Mas que vantagem há nisso, se todas as leis precisam tramitar por ali? É simplesmente um acordo para inglês ver, pois a pressão foi, é e continuará sendo pesada, mesmo no próximo mandato presidencial, para que não só o aborto, mas outras leis restritivas à liberdade venham a ser aprovadas no Congresso Nacional.

Por outro lado, Lula se alia ao que há de pior na política internacional. Faz jogo de cena, mas na América Latina os seus aliados preferenciais são Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Hugo Chavez (Venezuela) e Fidel Castro. Em visita a Cuba, ficou contrariado quando lhe cobraram condenar o regime cubano pela morte, em razão de uma greve de fome, do preso político Orlando Zapata Tamayo. Pelo mundo afora é amigo de regimes totalitários e aplaude Ahmadinejad, que “deseja” a paz mundial desde que Israel seja destruído.

Isso para não falar da ligação do PT com as Farcs. Lembro-me que lia Olavo de Carvalho no Globo e gostava imensamente dos seus textos, mas achava estranho quando falava do Foro de São Paulo, da participação das Farcs e das forças mais representativas da esquerda na América Latina. Minha estranheza tinha sentido. Nenhum órgão de imprensa se referia ao assunto. Pesquisava os jornais, revistas e outros meios sem que houvesse sequer nenhuma menção. Parecia teoria conspiratória. De repente, Olavo de Carvalho desapareceu do Globo. Fui encontrá-lo no Mídia sem Máscara, que, por sinal, publicou neste dia 3 postagem de sua autoria sobre o tema (clique aqui). Mas a verdade, para encurtar a história, é que a grande imprensa não pôde mais esconder o fato. As Farcs fazem parte do Foro de São Paulo desde a sua fundação em 1990, com assento permanente, e tem ligações históricas com o PT. O pior é que todo mundo sabe que as Farcs se sustentam com o narcotráfico. Mas para evitar prejuízos eleitorais há uma tentativa oblíqua de fazer parecer que o PT nunca teve vínculos com esse grupo de guerrilha, que tinha negócios (ou ainda tem) até com Fernandinho Beira Mar.

Participei de um evento em Brasília no qual discursou o senador Magno Malta. Como o tema era o PNDH 3, lá pelas tantas ele afirmou que precisávamos perguntar a Dilma qual era a sua posição sobre o tema. Fiquei decepcionado. Tive a oportunidade de falar também na mesma ocasião, mas infelizmente o parlamentar já se retirara, como, infelizmente, costuma acontecer nessa arena. Comecei dizendo que não precisávamos fazer qualquer pergunta à então ministra, contradizendo o senador, já que o PNDH 3 tinha a sua chancela, pois saíra diretamente do forno da Casa Civil para receber o autógrafo do presidente. Ali já estava tudo quanto pensava, como também constava da primeira versão de seu programa de governo por ela rubricado e apresentado ao TSE.

Por que não voto em Dilma? Pelas razões que acabo de expor. Ela é a continuidade de Lula ou como o próprio a designou: o seu pseudônimo. Henrique Afonso (evangélico) e Luiz Bassuma (espírita) foram punidos pelo PT por serem contrários a legalização do aborto. Essa norma não mudou. Reconheço que a Dilma de hoje não é a mesma que fez parte de grupos terroristas. Há uma mudança em sua trajetória. Mas essa mudança é de forma, não de conteúdo. Agora, ao invés de fazer uso das armas, o instrumento é a própria democracia, como já mencionei. Dilma, sem dúvida, cumprirá o programa do PT. O ritmo é que poderá alterar-se de acordo com os ventos. Ora poderá ser rápido, se favoráveis. Ora lento, se contrários. Mas que a nau singra na direção do totalitarismo, se não houver mudanças de rumo, disso não há dúvida.

PS. Para trazer luz à discussão, sugiro o link abaixo de Reinaldo Azevedo:

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/esmagados-pelo-esquerdismo-oficial-ou-ecos-do-totalitarismo/
Pastor por excelência



Isa 40:11 - Como pastor apascentará o seu rebanho; entre os seus braços recolherá os cordeirinhos, e os levará no seu regaço; as que amamentam guiará suavemente.

Sem dúvida,este é um assunto muito importante,principalmente nos dias atuais.O que é de fato,ser um pastor?no que implica,a condição de ser um pastor nos dias de hoje?São perguntas difíceis de serem respondidas,tendo em vista,a reputação de muitos pastores que exercem,de uma forma,ou de outra,o pastorado.Certo dia;eu disse para um amigo,que eu era filho de um pastor,e ele de imediato exclamou,com voz de autoridade :”seu pai é um jumento!”aquilo me deixou surpreso e com a voz embargada,porém não titubeei em perguntá-lo,porque o meu pai é um jumento?Ele,graciosamente respondeu com uma outra pergunta:”pra que é que serve um jumento?E ele mesmo respondeu dizendo:O jumento só serve pra carregar as cargas dos outros.

A tarefa de um pastor é muito árdua.A tarefa do verdadeiro pastor!Digo isso,porque ,há pastores e PASTORES.( Joa 10:11)-Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas.Portanto,se Deus te escolheu para este glorioso ministério;meus parabéns,porque,carregar as cargas dos outros,não é um demérito,é uma honra!Ser um pastor é um privilégio.( Eze 34:5) - Assim se espalharam, por não haver pastor, e tornaram-se pasto para todas as feras do campo, porquanto se espalharam.Se preciso for,ofereça á Deus a sua vida em sacrifício pelo rebanho do Senhor.Quando algo te faltar e não tiveres á que recorrer:clame pelo Senhor dos Senhores,pelo sumo pastor,o nosso amado Jesus.( Sal 23:1) -O SENHOR é o meu pastor, nada me faltará. Receba um abraço do Pr.Ivan Silva.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Dinheiro, pra que dinheiro...




Samuel Câmara
Pastor da Assembleia de Deus em Belém




Conceitos errados ou má compreensão sobre alguma ideia ou assunto determinarão impreterivelmente comportamentos errados sobre aquela área da vida. Isso é igualmente verdade em relação ao dinheiro. Assim, uma maneira de pensar sobre o dinheiro que causa sempre grandes problemas para muitas pessoas é que, embora não possam viver sem ele, o dinheiro é a raiz dos males do mundo.
Um dos maiores erros sobre o dinheiro vem da má interpretação das palavras de Paulo: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males” (1 Tm 6.10). Assim, muitas pessoas acham que o dinheiro é mau. Mas o dinheiro não é mau nem bom em si mesmo.
O que o texto diz é que “o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males”. No mesmo texto, antes disto, Paulo denuncia o comportamento das pessoas que querem ficar ricas e supervalorizam o dinheiro a ponto de amá-lo como a principal coisa de suas vidas.
Salomão também é categórico quando insinua que o amor ao dinheiro é uma “prisão” que gera a obsessão de querer sempre mais: “Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta” (Ec 5.10).
O entendimento errado dessa verdade advém do fato de que as pessoas não leem o que a Bíblia diz, mas o que querem que a Bíblia diga. Muitos crentes fiéis, direitos e santos, pensam com sinceridade que Deus não quer que eles tenham dinheiro ou bens. Mas isso é um erro. Deus não somente quer que tenhamos dinheiro, mas que o tenhamos mais do que o suficiente para suprir as nossas necessidades, e ainda mais: que sobre para investir no seu Reino e ajudar aos pobres.
Quando Salomão afirma que “por tudo o dinheiro responde” (Ec 10.19), ele está fazendo uma clara alusão de que o dinheiro tem a habilidade de responder por boas coisas e por coisas más. Depende de quem o usa e com que propósito. Seu dinheiro é benéfico, se você o usa para o bem. A única maneira de o dinheiro ser maléfico é colocá-lo sob o controle de uma pessoa cuja índole seja má.
O dinheiro não é mau nem bom em si mesmo, mas tem o poder de manifestar ao mundo o que alguém trás escondido em seu coração. “Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6.21).
Nisso ele pode ser maléfico ou benéfico. Um bobalhão sem dinheiro, se ganhar dinheiro, será um bobalhão com dinheiro. Um infiel sem dinheiro será um infiel com dinheiro. O dinheiro, por si só, não muda isso. A nossa atitude em relação ao dinheiro é que vai determinar a sua capacidade de dano ou bênção nas nossas vidas.
Então, por que o dinheiro pode causar danos? Porque há uma entidade espiritual maligna por trás do dinheiro chamada Mamom. Por isso ele pode causar muitos danos a quem o ama. Essa ação maligna subjacente ao dinheiro foi denunciada por Jesus. Para Jesus, estar a serviço da riqueza pela riqueza seria o mesmo que assumir idolatricamente a malignidade por trás do dinheiro e se colocar contra Deus. Assim, Jesus afirmou: “Não podereis servir a Deus e a Mamom” (Lc 16.13).
A estratégia divina para vencer o poder maléfico do dinheiro não é fuga ou renúncia dele; antes, é fazer do dinheiro uma fonte de bênção, ou seja, ser generoso em doá-lo. Reter dinheiro é estar sob sua influência direta, é estar sob o domínio de Mamom. Mas quando o usamos também para ajudar a obra de Deus e para abençoar os pobres, a força de Mamom se esvai e nos habilitamos a ser abençoados mais ainda.
Uma velha máxima sobre o dinheiro estatui: “O dinheiro dá a cama, mas não o sono; a comida, mas não o apetite; o livro, mas não o conhecimento; uma casa, mas não um lar; uma posição, mas não o respeito; as pessoas, mas não amigos; o remédio, mas não a saúde; a diversão, mas não a felicidade; a cruz, mas não a fé; um lugar no templo, mas não no céu”.
Paulo aconselha aos que possuem dinheiro e bens: “Não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus, que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento” (1 Tm 6.17).
O ponto central na questão em relação ao dinheiro, entretanto, não é basicamente se o temos muito ou não, se ele é bom ou mau; mas na nossa atitude, o que fazemos com ele para benefício próprio, para ajudarmos aos outros e para o engrandecimento do Reino de Deus.


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